segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O SOFÁ

Certa vez eu e minha filha estávamos debruçadas diante no portal,filosofando ,por assim dizer. Falávamos de poesia, animadas expondo nosso modo de pensar, e de como vemos a vida. Minha amada filha sempre foi minha amiga e confidente, acho que temos a mesma linha de pensamentos. Não é diferente com os outros filhos, mas acho que por sermos mulheres adultas nos entendemos melhor. Meu filho é maravilhoso, amigo, alegre e muito manhoso, já com seus vinte e poucos anos sempre que esta em casa vive atrás de mim em busca de um chamego, deita ao meu lado na cama em meus braços para ganhar cafuné. Falei dos dois não posso deixar de falar da minha temporãozinha a tive depois de quinze anos da ultima gravidez. Essa é a minha fofinha, companheirinha, também um presente maravilhoso de Deus.
Ta bem, mas vamos de volta ao assunto. Viram como mãe é “bicho-bobo”, foi só falar em meus tesouros que já desviei o assunto.
De volta ao começo. Eu e minha filha falávamos na grandeza de ver a vida com olhos de poeta, convictas das palavras olhamos em volta e citávamos objetos que poderiam ser visto como inspiradores de poesia,lembro que entre outros citei “o sofá “, olhamos uma pra outra fizemos um ar de riso e prosseguimos a conversa.
Passado o tempo, e ela já estando casada e distante, tanto quanto meu filho.
Estava eu meio que melancólica, sentindo falta deles, quando passei pela sala e ao olhar o sofá vazio, lembrei-me daquele dia.e o sofá me inspirou. Sentei-me no outro ao lado. E escrevi:

O sofá
O sofá na grande sala vazia, desgastado e amarelado pelo tempo. Reclama a solidão.
Já foi berço coberto por cueiros macios, acalentou o choro do recém nascido. Foi lenço ou guardanapo de lagrimas e choramingas também de chocolate que escorriam dos dedos pequenos.
O sofá esta tristonho, com as costas cansadas e o pano esfiapado, dos velhos dias que serviu de cavalo puro-sangue, correu por muitos campos com o menino em seu lombo encenando ser caubói ou um negro rumo ao quilombo.
O sofá perdeu a cor, mostra-se desgastado pelo tempo.na sala em que permanece não há mais som alto,gritos,rebeldia de adolescentes redescobrindo seus dias.
Por dentro o sofá ta machucado serviu de consolo nas noites em que aconchegante queria falar ao jovem que chorava que outro e verdadeiro amor viriam.
O sofá foi testemunha quando o grande amor chegou, ouviu calado as juras de amor eterno.
Foi cabide do vestido branco e do terno de linho bem passado e frisado.
Agora se sente só passa dias sem servir de acento a ninguém.
Espera ansioso e cansado a porta se abrir para segurar e embalar nova geração de choros manhosos e mãos sujas, de dedos pequenos, tocando novamente o pano rasgado do sofá amarelado.

  
  

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