segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

LEBERTE-SE! SOLTE AS AMARRAS!

Em certo amanhecer, acordei-me com o soar do sino da capela. Pelo compasso lento e por já se passar das seis horas, constatei que alguém da comunidade havia partido deste mundo.
Mais tarde no portão da escola em que deixara minha filha, encontrei uma amiga que triste lamentava o ocorrido. Disse-me que uma senhora de quarenta e sete anos, dona de casa que era sua vizinha, sofrera um infarto fulminante e que não tinha resistido foi fatal. Em quanto caminhávamos de volta pra casa, ela relatava melancolicamente passagens da vida da vizinha e amiga que havia partido. Falou-me que sua vida tinha sido só de trabalho. Que um dia antes ela tinha feito faxina na casa, lavado roupa o dia todo. Lembrava com lagrimas nos olhos o dia em que ela chamara o marido que conversava no portão para que á ajudasse com os canteiros que preparava para plantar verduras no fundo do quintal, que a recente falecida era tão caprichosa que seus filhos comiam pão no degrau da escada da cozinha para não sujarem o chão, que era de um brilho de causar inveja. Falava orgulhosa da amiga que economizara a vida toda pra fazer a tão sonhada reforma em sua casa, que era excessivamente econômica e raramente saia de casa para se divertir. Coitada! Uma pessoa tão boa! Trabalhou a vida inteira. Os filhos sempre limpinhos, cuidava tanto daquelas crianças que nunca se viram elas brincando na terra.
Até chegar em casa ouvi as historias emocionadas de minha amiga.
Triste historia! Também cheguei em casa pesada depois de tudo que tinha escutado.porem fazia um dia tão lindo que procurei encher meus pensamentos com coisas mais suaves. Pensei. Para a vizinha da minha amiga não há mais tempo para recomeçar, mudar antigos hábitos e atitudes. Mas a quem continua aqui! Que nascemos com uma passagem marcada, o retorno é certo. Felizmente não se sabe data e hora do embarque, que pode ser em breve ou daqui a muitos anos.
Na duvida, melhor aproveitar o dia, o momento, sendo e fazendo feliz quem nos rodeia.
Juntar as louças sujas do jantar na pia, sentar no sofá da sala com a família reunida, contar historia piadas, rir e chorar juntos. Deixar as roupas amontoadas por mais tempo no sexto, e lavar a alma conversando com um amigo verdadeiro. As pegadas sujas no chão limpo da cozinha trazem saudades quando os filhos crescidos agora vivem em outros lares. Sentar na escada da varanda, ao invés de esfregar tanto o chão, contemplar o céu, a terra ou simplesmente sentir o sol, o vento, maravilhar-se com o brilho da lua. Gastar umas moedas, e se lambuzar de algodão doce. Comerem juntos um cachorro quente na barraquinha da esquina, voltar pra casa contando as estrelas. Tirar o avental, buscar um abraço carinhoso. Lavar as mãos sujas e acariciar um filho, o esposo a mãe, o pai, sei lá o importante é sentir a caricia, largar por um instante o escovão, e botar pra fora todo o amor guardado em seu coração.


Há isso não cabe a você! Suas preocupações e ocupações são bem maiores que a de uma simples dona de casa? Até pode ser. Mas você e sua família não são inferiores a nem outra família. Reserve um pouco do seu tempo para ser e fazer felizes as pessoas que ti amam.



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